amo-te

Ficamos sozinhos ;
Quando nos perdemos de nós .

Aquela intuição estranha de te sentires sozinho ao final do dia , aquele eco insuportável de sorrisos de criança e rodopiar da mente parece que devasta não é?

Aquela sensação de perda do controlo do corpo , de isolamento , insatisfação sabe-me a  nada. Como se tudo fosse insalubre quando estamos sozinhos, quando a minha cama está vazia e o meu quarto me dá uma ideia de fumo e daí alucinações do Vazio , de um futuro que parece inalcançável , ou longe de mim .

Aquele estranho aperto no coração quando vejo as nossas fotos e penso , ‘ eu vivi aquilo , parece que foi ontem …’ . A perda essencial do tempo que me faz perder algo de mim própria .

Esqueço-me parcialmente dos meus defeitos e inúmeras barreiras e começo a sentir um calor delicado nas pontas dos dedos , um empurrar do peito e um descontrolo do pescoço . Perco-me num sonho díspar, perco toda a minha racionalidade, esqueço-me de mim e da minha fraqueza. Esqueço-me que estou dependente, constantemente e subconscientemente dependente, de auto satisfação , carinho , atenção . Esqueço-me , que não passo de uma mera idiota com a mania que sabe do que fala .

a little bit of my old text

"Ficamos calados , enquanto ele tocava piano , e eu permanência numa cadeira verde de veludo á beira da sua lareira de fogo quase que inexistente .
Toquei-lhe na mão , tinha de ir embora . E foi aqui de bloqueei . Sabes aqueles momentos que parece que o tempo para? Foi um bocado assim ."

apetece-me sentir o vento do pulsar do universo, o quente destas quatro paredes está me a por cansada

Passei a noite a ouvir rock fervoroso e toda a minha voluntariedade de deitar a boca a um café quente ausentou-se através do meu puxar de pálpebras e o meu bater constante da cabeça na parede .

Não vou ser violenta e muito menos desorientar-me mas a minha mente assume um certo nível de nevoeiro e os meus músculos contraem-se. Os meus olhos magoam como se enxugassem, os meus dedos esfriam, e um enorme peso cai sobre o meu coração.

Enquanto isso , vou passando para musicas ainda mais pesadas de forma a sentir-me capaz de passar isso tudo . Mas aquela voz esganiçada e afadigada não me tranquiliza.

No fundo tudo se transmite nos meus medos, porque quando o cupido me toca , nunca vem só .

Aquela sensação de perder consome-me deixando-me  transparente naquilo que pelo olho se vê e me invoca a ser opaca por aquilo que digo . Sufoco .

"O amor é uma companhia.

Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.
Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo.

Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo.
E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar.
Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas.
Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela.

Todo eu sou qualquer força que me abandona.
Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio."